domingo, 2 de março de 2008

Dossier

Gelsomina é vendida pela sua mãe a Zampano, um saltimbanco que percorre o país apresentando o seu famoso número da corrente. Ela torna-se sua assistente e entre eles inicia-se uma relação muito peculiar. Ao longo das suas viagens o par vai cruzando diversas personagens caricatas, entre as quais O Louco, um equilibrista-filósofo que adora provocar Zampano. A violência com que o Zampano lhe reage acabará por decidir o trágico destino destas personagens.
Uma história trágico-cómica livremente adaptada do filme de Fellini, por 5 actores e com música ao vivo.



Ficha técnica:
ACTORES: Maria Dias, Gonçalo Lello, Pedro Mendes, Helena Veloso e Joana Xardoné
ENCENAÇÃO COLECTIVA
AUTORES: Tullio Pinelli, Federico Fellini, Enio Flaiano
TRADUÇÃO, ADAPTAÇÃO, DRAMATURGIA: Maria Dias


LOCAL: Teatro Municipal da Guarda 17 abril

HORÁRIOS: 22H
PREÇO: 8 euros
RESERVAS: 96 406 59 18 lastradanoteatro@gmail.com




Sinopse
La Strada conta a história de dois saltimbancos, Gelsomina e Zampano. Gelsomina é uma mulher humilde, ingénua, pouco dotada de inteligência mas esperta e curiosa, que é vendida pela sua mãe a Zampano, para substituir a sua irmã Rosa que morreu por circunstâncias desconhecidas. Zampano é um artista de rua que percorre o país com um velho triciclo e Gelsomina torna-se sua assistente e parceira para as farsas cómicas e para o famoso número das correntes. Entre eles inicia-se uma relação muito peculiar. Zampano é um homem rude que sempre preferiu a sua liberdade, dormir com outras mulheres, beber em demasia, ou maltratar regularmente Gelsomina. Esta sonha também com uma liberdade que, no seu caso, nunca foi opcional. Juntos percorrem a estrada de um país decadente, do qual acabam por ser um reflexo evidente, onde cruzam várias personagens caricatas.
Gelsomina não consegue evitar nutrir carinho e fidelidade pelo homem que a comprou, a explora, a abandona para ir com prostitutas e a força a roubar. Ela é capaz de uma força de amor tão grande, de uma capacidade especial de transformar qualquer existência, mesmo a mais medíocre, em apoteose, que nos faz afirmar que atrás de qualquer vida, mesmo a mais absurda, se pode esconder um sentido mais absoluto.
Há uma relação entre as personagens similar a Estragon e Vladimir de “À Espera de Godot”: por mais que seja difícil estarem um com o outro, não conseguem viver um sem o outro. Gelsomina, de uma expressividade quase muda, de inspiração chaplinesca, seduz o espectador com o seu encanto inocente; Zampano, em oposição, um gigante bruto, que nem um cão maltratado e raivoso, é um homem perdido em si mesmo que vê no seu número circense, do qual se orgulha muito, a única forma de se sentir respeitado e, em última instância, vivo. Zampano é o símbolo por excelência da sociedade contemporânea: individualista, com problemas de comunicação, crê que sobrevive sozinho à custa de relações rápidas e de trabalho.
Num dado momento, cruza os seus caminhos o equilibrista-filósofo-poeta-palhaço conhecido como o Louco. Este adora provocar o Zampano e nutre uma admiração especial por Gelsomina. Zampano só sabe reagir-lhe com violência. O Louco é amável, protector e amigo para Gelsomina. Aconselha-a ficar com o Zampano, porque “se ela não ficar com ele, quem ficará?”.
Zampano acaba por matar o Louco num acesso de fúria, Gelsomina fica inconsolável, adoece e endoidece. O Zampano acaba por abandoná-la na borda da estrada. Anos mais tarde um acaso leva-o a tomar conhecimento da sua morte. Ao saber esta notícia, Zampano chora. À dor e resignação de existir sobrepõe-se o triunfo final, a volta à sensibilidade, a redenção, a esperança.
É uma história sobre a condição humana, a vida difícil dos artistas, a redenção e a possibilidade de mudança. Sobretudo, sobre a verdade do amor.

A peça
La Strada é uma adaptação livre desta história intemporal. O contexto da miséria do pós-guerra italiano é igualmente adaptado para a nossa sociedade de hoje em dia. Queremos que o público identifique essa realidade, se identifique, reconheça as personagens, relembre esta história. Deste modo temos como objectivo criar laços de cumplicidade entre o público e a peça.
Esta cumplicidade está também presente na escolha dos espaços de representação. Preferimos salas de teatro não convencionais, sem a separação provocada pela “quarta parede”. A peça passa-se na totalidade do espaço, ao lado dos espectadores, integrando-os no cenário, aproximando-os das personagens, da peça, do Teatro.
A música será tocada ao vivo e tem como base o tema original do Nino Rota para o La Strada, visto que é parte integrante desta história, servindo de ligação entre as cenas e as personagens, ou de contraponto, criando uma cumplicidade entre a memória de quem viu o filme e a peça. Temos uma parceria com a Kumpania Algazarra, e um tema desta banda completa a banda-sonora do La Strada.
O contexto da difícil vida de artista é aqui abordado propositadamente, visando criticar as duras condições que se vivem em Portugal nessa área.
O cenário é marcado pela sobriedade, despojamento e simplicidade. A peça apoia-se sobretudo no trabalho dos actores. Para a construção das personagens partimos de observações da realidade. O facto de nos basearmos em pessoas reais liga-nos - à peça, actores e público - à vida actual.
Queremos apenas contar uma história, sem intelectualizar nem fazer filosofia. Apenas falar daqueles que ali estão, dos seus encontros e confrontos, segredos e conflitos, e, simultaneamente, falar de pedaços da vida de todos nós. Não queremos ser moralizadores, e não pretendemos apresentar um espectáculo vazio que seja pura diversão. Há uma profunda mensagem de esperança, um duro retrato da sociedade, perceptível entre a algazarra e a felicidade aparente do clima de festa que percorre toda esta história. Procuramos criar e formar novos públicos, e abrir este meio a novos intervenientes, novos actores, novas ideias.
La Strada é uma encenação colectiva, realizada por 5 actores profissionais, e contamos com o apoio de encenadores e actores dos quais admiramos o trabalho, como por exemplo Elsa Valentim, Teresa Lima e Adriano Luz.




Datas:
*De 11 a 16 de Março às 22h na Comuna;
*De 25 a 30 às 21h30 e 15h na Fábrica da Pólvora em Barcarena;
*4 de Abril às 22h no Plano B no Porto;
*5 de Abril às 22h na Tertúlia Castelense na Maia;

*17 de Abril no Teatro Municipal da Guarda
*9 e 10 de Maio às 21h30 no Teatro Reflexo em Sintra;
*30 de Maio às 21h30 no Teatro Viriato em Viseu.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2008